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Movimento

by O Sol Que Nos Consome

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1.
Movimento 05:23
No processo da mudança Há um estreito a ultrapassar Que te impinge pela geografia Uma carga máxima para continuar Lancei ao mar as peles velhas Por ver só nelas um pesar Mas quem sou eu sem essas dores Sem essas marcas de cá estar Perdi o fio ao raciocínio Deixei quem era para poder ser Pois no invólucro da ansiedade Mal tinha espaço para me mexer Lancei ao mar as peles velhas As expectativas que eu tinha De maneira a estar aberto Ao que futuro que se avizinha
2.
Insídia 05:16
Senta-te comigo Podes relaxar Aqui ninguém nos ouve Já podemos conversar Tenho que te dizer Pois contê-lo já não consigo Quem tu julgas teu irmão já te tem por inimigo Liga a altas horas Com teorias elaboradas Ele prepara a intifada E procura a minha colaboração Os silvos desta cobra Carregam o seu veneno Semeiam a discórdia Para o seu entretenimento Deleita-se a ver O embate programado Sempre de um lugar a salvo De qualquer repercussão Desiludiste-me tanto Talvez por ter-te deixado entrar Mas não penses que te ressinto Só te peço que deixes de procurar
3.
V 05:35
Deixámos tudo por parecer Que o tecto da vida que levávamos Nos sufocava o ser Nos constrangia e limitava Então viemos cá parar Com a garra de quem não sabe Quase nos matámos a tentar Quase que perdemos a vontade Quase nos perdemos um ao outro Por termos usado como crédito O nosso amor para apaziguar A frustração e o tédio Tu nunca tinhas estado tão longe Dos que te eram mais queridos Numa situação impensável Só comigo como companhia E eu sei que o silêncio ensurdece Quando a comunicação não funciona E tudo à volta parece Um reflexo das nossas piores escolhas Parece impossível que ainda aqui estejas Depois de tudo o que passámos Talvez a vida ainda nos surpreenda Mas espero poder estar sempre a teu lado
4.
Ser Humano 05:42
Sou o perfeito exemplo de um ser humano consciente Por viver consciente da condição de ser humano Da praga que eu sou e do egoismo que exibo Na mera insistência em me manter vivo Não tolero nada que me ameace ou contradiga Se a árvore me tocar no varanda, quero-a imediatamente removida Quero não ter de ver o sem abrigo que definha na avenida Quero não ter de saber o processo que leva a carne à minha mesa Porque perturba a minha refeição, o imaginário da matança Os odores que a morte trás, a distancia que o gemer alcança As cores que pintam a sala e as companhias que o sangue chama Não quero fantasiar com o destino da minha presa Presa essa que nem é minha porque cobardemente me afastei Dei carta branca à industria para me alimentar e sei Que se houver uma única falha tecnológica no sistema Morremos todos à fome pela nossa ignorância extrema Ignorância essa perpétuada por esta tendência de ostracisar Os nossos velhos da sociedade pelo mero incómodo de os tratar Como eles trataram de nós ao inicio quando ainda mal ainda podias andar Esta ingratidão já nos custa os olhos Perde-los é perder decadas de pensamento É deixar que o passado caia no esquecimento E quem não estuda a história está irremediavelmente condenado a cometer os mesmos erros Portanto, acordemos Não se afoguem em dividas pelo novo Iphone lançado Não enterrem negócios locais pela conveniênia dos supermercados Não ofereçam à telenovela, ao Correio da Manhã e ao noticiário O poder de vos impingir a sua noção de certo ou errado. E não adorem o decadente milionário aborrecido Que tráz a cabeça do leão como um qualquer trofeu merecido Quando pouco de ti é preciso para apertar o gatilho, E apagar da terra um ser vivo maior que tu em todo o sentido Gordos, decadentes nereus Agora querem popular Marte E deixar-nos como herança a ignorância, a doença e a morte Estou farto
5.
A Torre I 04:41
Entrar nesta sala invoca a locomoção de quem se desafia A saltar buracos cuidadosamente implementados na natureza Tal reflexo acaba por me distanciar Do que noutra situação poderia Contribuir ao iluminar O caminho que ainda tenho pela frente Esta torre que eu elevei Serve o propósito de conseguir Discernir aqueles cuja a essência tem Somente o ódio para os dirigir À porta há-de acumular A toxicidade e os que a carregam De forma a que possa evitar Voltar, também eu, a contrair essa doença
6.
A Torre II 05:25
Todos os dias sou confrontado com a realidade Que todo o meu esforço para mitigar esta hostilidade É de especial inutilidade Apressei-me para o intermúndio Por saber-me inadequado Para passar o meu dia a dia Ladeado por esses sussurros Tão característicos entre os vossos muros
7.
Nutro, um desprezo profundo Por tudo o que me vim a tornar Fracasso, nas mais ínfimas formas Que tenho para me ocupar Os tombos, desfizeram-me a espinha E já, mal me posso levantar Enfio-me nesta estado e espero Que a vida se apresse a acabar de passar Ouso, ouvir curioso, Este movimento, que me fez despertar Ele chama a réstia humana Que o meu espírito pareceu conservar

about

Este conjunto de temas foram escritos nos últimos dois dos quatro anos que tenho vivido no Alentejo e tornaram-se um álbum pela temática que partilham. A mudança ou movimento, e as peripécias inerentes à locomoção.

credits

released March 2, 2020

Sons e palavras - João Maia Henriques
Produção e captação - João Maia Henriques
Mistura e Masterização - Jorge Gonçalves
Artwork - Eva Barrocas
Violino em "V" - Ana Santos

license

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about

O Sol Que Nos Consome Beja District, Portugal

O Sol Que Nos Consome é um projecto de um membro só, sediado em Ferreira do Alentejo, onde loops de guitarra, sintetizadores e ritmos industriais acompanham poemas vociferados em português.


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